terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Calo de sangue

Fotografias: Viktor Braga

      Você deve estar pensando: mas você não já falou sobre isso? Sim falei, mas antes foi indicação de um amigo apoiando o trabalho de outro e hoje é a visão de um espectador que adorou o que viu.
     Sabe quando você espera uma coisa e é surpreendido com algo muito melhor do que imaginava? Foi o que aconteceu com esta peça. Uma história muito bem contada e interpretada pelo elenco, Emis Bastos, Davy Monte, Maycon Carvalho (também diretor do espetáculo) e Maria Eliane (que me cativou com sua personagem e interpretação) conseguem transmitir muito bem os dramas vividos pelos personagens e tudo sem interpretações repetitivas ou massantes. 
  Como expliquei na postagem anterior, a história se passa na periferia e tem personagens marginais e sofredores, o que te passa uma impressão/preconceito de mais do mesmo, mas o roteiro não é do tipo que te arremessa cenas fortes e chocantes na face apenas para causar um incômodo visual e passageiro, embora estejam presentes em quase todo o espetáculo. É notória a preocupação em expôr as causas e sequelas do sofrimento vivido por cada personagem, que acumulam "calos  de sangue" gerados pelo ranço dos sofrimentos de vivências anteriores entre eles e pelos preconceitos derivados da sociedade que os marginaliza. Uma prostituta aposentada e sonhadora, um homossexual vivendo um amor platônico, um bêbado com o coração carregado de mágoas e um adolescente que carrega uma culpa ignorante pela morte da sua mãe, estes são os ícones da sociedade moderna eleitos pelo roteiro para expôr as consequências da marginalização dos indivíduos nos dias atuais. 

     E como não só de sofrimento vive o povo, um povo que procura brechas de felicidade para poder experimentá-la, o roteiro também traz pequenos trechos cômicos, cômicos e acídicos, que te fazem rir e ao mesmo tempo questionar. 
    Em resumo, é um espetáculo atemporal e cheio de mensagens esclarecedoras sobre o sofrimento causado pelo preconceito e hipocrisia com os quais a sociedade contemporânea ataca seus membros.
    A temporada já está no fim, então aproveita e corre  no José de Alencar nesta quarta, é super baratinho e vale muito a pena.

Beijos, abraços e um bom espetáculo!

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